quinta-feira, maio 28, 2009

Foragidos do Previsível

Treme a maioria com a teimosia do temor
Do veneno pequeno em que padece o amor
Contra a euforia que sente a gente
E entrementes nos passeia pra onde for
É pé esquerdo que o direito carrega
Que atropela sem demora
O que antes azedou
No calor da enchente feito serpente
O antídoto escapa de forma escassa
Por entre os dentes por onde crava
Uma ilha que peçonha alforria
Em quem se desaba como deságua
E por pouco não se afogou
Amofina a dor dos presos
Dos detentos de corredor
Dos sem-janela, dos sem-espera
De lua cheia e amarela
Já vendida ao trovador
Que a enamora por ser bela
E enquanto ela olha
Ele olha para ela.

segunda-feira, maio 04, 2009

Favas Contadas

Como se dobra a esquina
Da estrada que o homem caminha
Feito linha de pipa

Como se cobra de uma porta
Entortar-se à cota
De um futuro sem memória

Como se cala um abajur
Ao silêncio do escuro
Se há medo de sussurros

Como se agarra nuvens em garrafas?