sexta-feira, janeiro 30, 2009

O enfadado dia deles

É narrada a estória:
De vitória, às maculadas almas,
A derrota!
De incesto espiritual
No amor primo, o que coube
Que ainda ao sempre cabe?
Um equívoco,
Como nunca nos deixar,
Se não vos deixamos.
Nos destroços varridos,
Pelas peças do duelo,
Belicosa detrás da porta:
A solidão.
De um ódio,
De um remorso próprio,
De um póstumo suporte,
Que se desfaz apenas
Por uma condição;
Uma contradição:
Matar...
Não os mataremos,
Pois lembranças só irão
Emancipar-vos
Mártires!
Porém, a auréola há de ser nossa
Até o dia que nos deixarmos
E odiarmo-nos tanto
Quanto a quem nos deixou.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Abre as asas sobre nós

Antes do amanhecer
Puta é quem comeu
Da fruta
E não era dessa, Eva
Santa e pura
Façamos uma tempestade
Numa colher d’água
A molhar a palha
De uma boneca sem face
Pois se o queixo não bate
Sua pele não se arrepia
Escuta mais não fala
Porque da pele não tem ouvido
O pranto não era o seu
Do mesmo rosto que sorria
Nas mãos em que cabe
Pedindo alforria

mala sem alça

É chegado o dia,
As roupas ficaram velhas
Como nossa emoção,
À noite as flores não têm mais
O mesmo cheiro da alvorada.
E o que era a amizade
Diante desse lamurio perdido
Entre um adeus e outro,
Em que até mesmo a chuva
Faz voltar ao paraíso,
Gota a gota que se tromba
Junto à gravidade dos pequenos
Pecados terrenos dos quais pisamos?