sábado, dezembro 27, 2008

dentro d'água

Sou um peixe solitário
Nesse enorme aquário
A ser observado

Nessa água parada
Monotonia
Persigo igualdade
Uma companhia
A me confrontar
Mais feia
Mais bonita

Voltas e revoltas
Sem volta
Fracassos em repouso
Fora d’água, talvez
Estejam os outros

Meus dias mergulham
Apodrecidos
Pro fundo
Alimento-me dos imaturos
Que nunca serão
Sequer
Peixe como eu

quinta-feira, dezembro 25, 2008

rotação romanesca

Quando você vem é noite solitária e ofusca de diamantes
Uma palma que carrega o nunca e o aperta contra peito
Que escorre por entre os dedos o cascalho lapidado
Brilha no reflexo como estrelas a luz do dia
De quando você vai, de quando ele vem e fica.
E eu nesse cruzamento sem sinal esperando uma boa vontade
Uma piedade de quem vai ou de quem fica nessa minha mira
Que me leve para a casa onde eu me sinta
Acolhida para ter dias e noites esquecidas.

sábado, dezembro 20, 2008

Da pretensão casa o dono

Dedicação de Muro
Passado de Portão
Liberdade de Varanda
Capacho de ego
Respeito de Porta
Transparência de Janela
Razão de Cortina
Afinidade de Sala
Química de Quarto
Segurança de Corredor
Mágoas de Banheiro
Cuidados de Cozinha
Críticas de Escada
Expectativas de Garagem
Amadurecimento de Lavanderia

Casamento de terreno

Satisfação de quintal
Pecado de Terra
Expansão de Sol
Proteção de Sombra
Individualismo de ar
Planos de Vento
Mudança de Chuva.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Chio

Do amor, ele era o resto,
O morto,
O protesto do sufoco.
Não é que quisesse trocar
Alguém por ninguém,
Queria a todos
E seus poréns.
Não acredita nas verdades,
Mas crê
Numa boa mentira mal contada
E que essa, sim, seja a tal da realidade.

terça-feira, dezembro 09, 2008

amor

Perde-se em seus pelos
Por entre rumos alheios
Os caçados mergulhos
Barulho

Nus são os dedos
São os beijos de desejos
Entre ouriçados pêlos
No que se abraçam, apelos

Diferenças são ventos
De dor a ferir-lhe a razão
Pescoço do pensamento
Ao dizer não

Liberdade é a mudança
Do adeus mudo quando for
Mudança é a liberdade
Que quando muda, vira flor

quarta-feira, novembro 26, 2008

A estrela

Arrasto-te a força
Para que acabes por ficar
Acarinho-te como pretendo
Como monstro salutar
Pelos dedos que me vendo
Destilo que não saibas mais voltar
Fite essa acolhedora alcova
A qualquer outro lugar

Nessa boca tem o batom
Que ontem foi dormir hoje
Expressionismo bege
Dentre devaneios breves

Ela, que agora me vigia
Intriga-me lá de cima
Reflito, digo e repito
Não é nada do que sinto
Sua cadência me evita
Afirmo-me e desminto
Desdenho a inveja eremita
Nos confortáveis fascínios vazios
Que morrem, me envolvem
E em seu céu perene me retêm.

sexta-feira, novembro 21, 2008

amor-de-homem

Quero meu suposto
De escopo a encosto
Vento livre dentre ventres
Dente-de-leão e sementes
Desse espiral ascende diâmetro
Afastados furações sem encanto
Por enquanto...
Nessa teia corre nas veias
Facetas, velhas candeias
E meu desejo sofre
Na negação da posse
É teu, é sua
Peculiar tessitura.

terça-feira, novembro 04, 2008

Yin Yang

A saudade é a falta em mim que preenche o ego em ti.

quarta-feira, outubro 29, 2008

conivente

Meu companheiro me entende.
Tem fogo e não quer sexo,
Acompanha-me no riso,
No choro, não me questiona.
Com palavras me encaminha
Dia após dia, à morte minha.

Implícita

O bom de não ser explícita é que sempre existe dúvida,
o ruim de não ser explícita é, justamente, a dúvida.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Capital

Inicia-se ato do caos à carne.
Pudico canibalismo, diante da face,
Despi-se de façanhas morais,
Anormais animais!
Sobrevivendo a sais, umidades,
Como voraz fatalidade.

Seguram ruídos de tais ouvidos.
Felizmente, gemidos!
De controles falidos,
De carinhos bem-vindos.

Em mãos, relevos revelam
Tubos de ensaio que águam.
Imagem, em tato, percorre
Por experiências, escorre.

Rubro rosto!
Deriva suposto gosto
Em falo posto
E reposto e reposto...

Morre nova a alma, noutra
Despedaçada carcaça louca.
Veneno a mordidas da fruta.
Paraíso casto pariu te expulsa!
Se liberta foi a flama,
Abrigo, agora, é jazer em cama.

quinta-feira, outubro 23, 2008

marca vitrine

O sapato mais bonito eu comprei.
Cabelo de vermelho, eu pintei.
A cor dos meus olhos,
Também mudei.

Da saia, a mais curta.
O salto, o mais alto.
Curtos passos!
E meus admiráveis peitos
Em tamanho decote,
Feito convite a filhotes.


De repente ela chegou.


Eu só queria ser ela!
Na saia mais feia.
Eu só queria comprar ela!
O cabelo mais curto que o meu,
Secos como cor de palha.
E eu só queria ser ela...
Pois era mais bela do que sei.

Quase a perguntei onde segurança comprava eu,
Quase a perguntei como a usar brio meu,
Já que ela era eu.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Leréia diária

Ao cerrar as cortinas de seus olhos,
Tolheu o fulgor solar de alegrar-lhe.
Garoou em pranto toda sua lamúria
Por seu cerúleo coração plúmbeo.

domingo, outubro 19, 2008

Lídimo Idílio

Bem-te-vi em sonhos na reticente cantoria,
Na ceifa minha, minha auto-antropofagia:
Assobiava notas de escusas repetidas.

quarta-feira, outubro 15, 2008

rabo-de-olho

No semblante face a face
Silhueta aqueles cílios
Desde deste indeciso
Enquanto frívolos risos

Tanto encanto como friso!

Alcança réstia a noite instante
Como sonho meliante.

Que me encantes!

Seqüestra prelúdio que me resta
Dessa orquestra em seresta
Sem coro de bacantes,
Bacamartes dançantes

Pousa o pomo, pierrô
Em peito meu padece-dor
Fora joga viúva flor
Distante de cor e vigor.

terça-feira, outubro 14, 2008

Infidelidade

Esmola em bula relicário
Eira crisântemo na farda
Para cego é tato
Paladar bissexto fechado
Infante retardo de chuva que arde
Como lembrança pobre de alarde
O gosto de você,
O gosto de árvores,
Piedade!
Enumero ação aberta sem porquês
Por onde esvai-se introspecção
Que a você cabe.

A cobra coral que turquesa no céu
Peçonha em pensamentos meus
A teu gosto
A meu posto
Suposta carência que sobrepuja
Essa angústia queimadura.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Qui pro quo.

No vazio a preencher não lhe cabe conter
Você à mercê de cada alvorecer
No porão pretensão cabe
Tarde: epitáfio de lápide
Imêmores do já, tumultos
Enterram túmulo donde jaz
Vultos extintos deste jamais
Dó, Ré e Lá afundam neste cais
E Mi Fá Sol, Si cá amais.

terça-feira, outubro 07, 2008

Melindrosa Nebulosa

Viu-se no sol azul e mareou
Não era céu o seu de ondanças areentas
Diana envenenou-se por escorpião
Como cio virginal de uma preamar
Cintilou seu Órion em crepúsculos
Afogando-o em esquivas auroras
Choramingando caçadora outrora.

domingo, outubro 05, 2008

Antologia

Poema, garoto!
Sem samba, sem choro
Tapume me pune incerta medida
Neuro-neutra desobedecida
In vitro insisto na carapuça que visto

Caminho carinho em invenções de menino
Vendendo pautados anseios sem sal
Porque mesmo alado, almada
Nutro alaúde em jogral virtual.

sábado, outubro 04, 2008

Reticências

Conto de fadas, um jardim de flores eternas
Que não careçam ser regadas
E não morram botões
Em pétalas insubordinadas;
Só desabrochem beleza
Sublime de eternidade
Num antônimo à escuridão
Que preenche o vazio
Cheio pela falta de quimera
Onde a cordialidade falha
E vazio é pelo excesso de razão.

Que brilhe com anseios irradiados, pose
Como veneno em doses
De sorte doce,
Como o próprio drama,
Onde cada perfume é essência d’alma,
Um vento incerto de canto e dança
De fadas imaculadas.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Brisa

Ao alcance
Reles flor
Face a face
Seu rancor

Subestima
Leve sina
Alma boa
Sem valor

Voa, voa
Doce amor
Por essa proa
Salvador!

sexta-feira, setembro 26, 2008

Rainha de gelo

Fui fragrância de flores para abelhas
Açúcar para formigas e cio para fêmeas
Fui alimento da fome e água do sertão
Para missa fui o sermão

Fui tato para enxergar cores
Mente para o corpo e ar para homens
Fui a idéia de um esboço e combustível para o fogo;
Fui filha de afagos, armadilha para ratos.

Brumas de Ebriez

Quando a noite incerta
Espero ser sólito espectro
Vagar no ermo de faróis
Viver de sensórios da memória
No pábulo de mágoas do agora.

quarta-feira, setembro 24, 2008

A Prima da Vera

Cheira-flor é uma grande-angular por sua falta de pescoço.
Loucura esquizofrênica entre os bem-me-queres e malmequeres,
Refuta formas lascivas de flores enrustidas
revestidas de pétalas coloridas.
Nega perfeições inexistentes resistentes e persistentes
aos defeitos refeitos por perfeitos bem-feitos.
Urge de luzes e arbustos como vaga-lumes,
Morre antes que o canto da cigarra continue.

A Traição de Vênus

Onomatopéias de Marte
No martelar da intimidade
Na Estrela de Fogo espanta-se a abóbada
Brilha chama entre outras miríades mortas
Se briga em tuas lembranças
Abriga-me em teu peito
E deixa-me arder.

domingo, setembro 21, 2008

Memórias da escuridão

Meu demônio é meu egoísmo
Meu silêncio é cheio de ruídos
Meus excessos são herança de receios
Meu tempo são horas de segundo
Meus medos são asfalto sob meus pés
Minha beleza são meus pensamentos
Minha felicidade é minha tristeza
Minha vida são palavras invisíveis
Minha perfeição é vela que me observa
E me derrete.

domingo, setembro 14, 2008

Memórias da inexistência

Nada anda sem deixar rastro
Danada desfez-me
À mercê de um bom faro
Das afeições só restei
Cara lavada e ameaça
Das aflições vencidas
Foice à faca!
Dos lugares secou existência
Nem beira nem teto
A engavetar juízo em elos
Aquém ou além do alcançar
Amém: Amei alguém para amar.

quinta-feira, setembro 11, 2008

aphorismu

Meu reflexo é cada espelho
Fulanas saltam de janelas idênticas
E resistem a análises
Ser Deus, meu maior querer
Ler pensamentos sem ditados
Em grandiosa compreensão
Ir ao cerne do sábio subjetivo
Rir ao entender poses enredadas
Subscritas na rejeição alheia
Experimentar pena e chorar dramas
De leigos de sua psique
Aplaudir malfeitores
No grau de egoísmo que invejo
Incorporar-me ao ar e tocar meu templo
Esquecer-me ao vento em aforismos
E dizer que eu não existo.

quarta-feira, setembro 10, 2008

A Musa

O sábio morreu só
Com seu dó
Com seu nó

O poeta viu tudo
Foi surdo
E nada mudo

O marido foi tolo
Trocou ouro
Por agouro

O cantor era ator
Fingiu o amor
E sentiu a dor

O filho de Édipo
Virou assassino
E fez tipo

A musa eterna
Foi plena e bela
E fez apenas por ela.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Não vem com essa de tirar minha paz

Não adianta se esconder que eu te acho
Não adianta me envolver que eu desfaço
Não adianta voltar atrás, tirar minha paz.
Não,
Não vem com essa, rapaz
Com esse seu afago
Diacho, diabo, desabo, me acabo
Em boca
Em louça
De trouxa
Me ouça, rapaz!
Não vem com essa de tirar minha paz.

terça-feira, setembro 02, 2008

Vênus vice-versa

Vésper vadia no vermelho ventre de veludo,
Veste valetes com volutas vincadas de verniz vazado,
Vaga pela vulgar vulva de sua volúpia volátil.

Virginal vacante, violenta com virtudes vigaristas,
Vaidosa pelo vago voto de vingança voraz,
Vaia vulgos vultos com vozes de vidro,
Velada por vesanas vacinas violeta.

Viola viandantes virilhas volúveis
Vociferando volume vivaz de vômito vurmoso,
Vexando veteranas víboras que valsam com valentes,
Vinagres vazios de vinho e vodca,
Viciados na vassalagem do veneno vosso,
Vira-casacas velhacos de velório da veracidade.

Vangloria vil vácuo do vivo vigor,

Veste vôo ao vértice da vazia vertigem da volta .

Vulnera o vário vento da vírgula entre vaga-lumes.

Varre véu vernal a você em vezo e vaga.

segunda-feira, setembro 01, 2008

sábado, agosto 30, 2008

Sopitável

Ele passa horas refletindo
Aventurando-se a lembrar do passado,
Buscando padecer pelo presente

Não se repetir como uma rotina.
Esquece-se!
Só resta o gosto amargo de notar.

Permanece num branco arrastado,
Tentando colorir em manchas.
E o tempo passando...

Uma ocasião vem e escapa
Antes de ser registrada,
Só lhe resta o gracejo de uma fotografia

Do que não existe mais.
Daquela vida, outra se deu início.
E só teve a recordação de uma gestação

Em que ele mesmo se abortou.
Enlouquecido disputa sua atenção
Entre o sim e o não,

E se pondera a crer
Naquela percepção de que nada está no lugar de antes
E por isso parece ser impossível repetir a direção

Da resposta que anseia,
Ou apenas fica dando voltas e mais voltas
Em seu raciocínio para dizer-se

Intenso sabedor de si
Porém, não sabe onde finda,
Até imagina

E está alucinado para apaziguar seus ânimos
Da sua tortura observada numa lógica
Que ninguém entende,

Porque não deseja
Ou não sabe expor.
Uma toalha verde nunca lhe foi tão bela

A ponto de o fazer lacrimejar,
Mas dessa vez suficiente
Tão perfeita quanto tudo ao seu redor.

A beleza não está na aparência,
Está na linguagem de todos os seus sentidos.
Imagina como é crível

Tamanha grandiosidade,
E acredita isso sim ser Deus.
O seu Deus se maravilha com ínfimas coisas

E se emociona até em ver a sola de um tênis virado
Para cima no meio do quarto,
E sorri,

E chora,
Escreve e lê,
E entende o que está sendo feito

Sorri pra si mesmo,
Mais uma vez.
É amor.

sábado, agosto 16, 2008

De lua diurna

À primeira vista
Não, das duas
Não, das suas
Rimas leoninas
Filhas duma
PLUMA
Numa
Anfetamina
Brindam
Garras felinas
Em carne crua
Minha sina.

quinta-feira, agosto 14, 2008

Para amar eu

Quando
Ouvirdes a trova nas cantigas de outrora
E olhardes o afresco oco de retratos de reis postos
Sentirdes o primaveril perfume a irromper auroras

Sede vós a conjugar-me imperativo de demasiados subjuntivos
Sê tu para amar eu.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Hífen

Entre sem bater
Pela mesma porta
Por onde o outro se porta
E ele não se importa
Pela mesma porta que se entreabre
E não deixa que nada sobre.
Na mesma do sujeito
Que se perde de sua vaidade
Ao ser visto sem se ver,
Vitimando a protelada intimidade.
Nela, por que muito se adentra
E o pouco do pouco se esvai,
Que guarda estimados arcanos
E somente de seus agrados.
Dentro se comprime ao absurdo
Da surdez daquele engano
De quantas colheres em uma apenas
A adoçar sem amargar o melado.
O análogo confina o livre-arbítrio
Do mesmo anônimo que a porta tranca
Da incerteza de suas interjeições
Das quais sílabas se separam.

terça-feira, julho 29, 2008

Ventos e Vultos

Em boa hora como eras...

Perdemos revoltas hereditárias,
Vencemos vitórias abalizadas.

Fugimos de tuas idas e vindas,
Pois quem foge covarde é.
Mas qual a fuga, se em todas,
essas;

Voltei às mesmas que tentei agora.

Testemunho como tal:
Coragem em desempate com covardia.
Para fugir, o caminho foi preciso!
Tropeçamos em pés detidos
Duvidosos em qual conduta seguir.

Árvores!

sábado, julho 12, 2008

Nó Górdio

Venceram mais vinte e quatro horas
Fragrante diante do espelho gélido
Flagrado pelo errante receio
De notar a ausência indígena.
Consigo,
Ninfa de açúcar queimado
Esmaltado ao acre do vinagre
Visto que fervia em vinhetas
De untuosas madeixas do cabelo
Tão camuflado
Quando seu semblante seco.
Cada sufoco ouriçava com agudos gritos ocos
Calados pela castidade do sigilo
Para modos e pára-quedas
Aterrissarem fora do charco,
Em resquício de chavão.

sábado, junho 21, 2008

vinte e dois

Gota pingo em sua sanidade estrategicamente centrada
Ostento a maldade livre de manicômios de loucura fugitiva
Tenho o que não tens, tens o que não tenho: equilíbrio
Apenas temos o que não temos, intimidando nossa estranheza.
Pinga dessa teoria a prática em mim escassa
Invada meus sentidos sinestésicos excêntricos
Negligenciados passo atrás emocionalmente à frente
Garantido pelo monopolizador tempo irresponsável
Arma o picadeiro nesse circo draconiano
Em boca que desfaço de palavras certeiras e
Musico ensejos abafados de disfarces desmascarados por
Mim mesma,
Inconstante, possessiva, expectadora,
Manipulada pelo ato de ser protagonista, mocinha e bandida.

quinta-feira, junho 12, 2008

Não!

Adormeceu a criança no embalo sísmico da sua maturidade enrustida precocemente responsabilizada pelo alvo paterno de gratidão. Não ouviu, nem o viu passar enquanto engatinhava erguendo-se por vaidades e pudores. Consentiu com um suspiro amargo ser a eterna menina que sempre usaria suas fraldas para dizer que sim, queixosa, mesmo assim.

quarta-feira, junho 11, 2008

Frida Kahlo

Friza
Fina brisa pisa
Nostalgia regojiza

Voa
Nossa nota nódoa
Em gota que atordoa

Leva
Adão de outras Evas
Lilith se desespera

Erga
Sol da soberba
Manhã vinga destreza

Aflora
Cor vai embora
Fora fita agora

Suma
De muitas uma
Lá, acolá pela lua.

sábado, junho 07, 2008

Em mãos

Sou fria com o estar longe
Alentada por além-trópicos
Cheias de mãos equatorianas
À amofinar meu âmago

Sou fria como mãos brancas
E mãos negras
Mãos maiores que
As menores que as minhas

Sou fria nas mãos de ventríloquos
Mãos, de-mais vozes
De mãos que inventam
Títeres de si próprios

Sofria em mãos de princesas
Sutilmente maculadas
Em mãos rudes e másculas
Cheias de vileza

Sofria com o estar longe
Das mãos que não quero
Mais tocar
Sou fria com mãos que não têm lugar.

quarta-feira, junho 04, 2008

Sangue-frio

A cobiça que afagas
Sustenta-se por intervalos
De redenção dissimulada
De caráter doloso
Por redundantes más novas
Presente da carência
Infiel do solitário
Predestinado à crença
De sua estirpe natal
De-nigra fé
Na bravata da iniciativa
Planando no embrião
Do audaz mais livre
Que a própria dita liberdade
Faz-se ouvinte de sua
Conveniente catarse
Surrupiando a cereja
Do bolo que nem da vela
Apagaram a chama.

domingo, maio 25, 2008

o véu, a máscara e a maquiagem.

Suspiro no descompasso que ofega
O tic-tac do tempo perdido em duas dimensões
Do nó que se desata com sorriso largo
Insosso desse momento travado
Por palavras que me insinuam
Por assim dizer cientificamente
Sem nenhum erotismo romântico
Suado de orgulho ferido
Borrando a maquiagem pesada
Do dia anterior manchada de más intenções
Mergulhada na ressaca de anteontem que cai do céu
No segredo confesso a criação divina
Das doutrinas que me desmerecem o paraíso
Por onde dores de cotovelos perfeitamente borboleteiam
No coletivo de nuvens de nobreza
Que não se envergonham em sua fantasia
Diante do véu dos que sofrem
Na transparência de não poderem ser atravessados
Por entre máscaras de heróis que suportaram
Onde o pecado faz crescer diabolicamente.

sábado, maio 17, 2008

Expus-me a ela:

Só tenho uma dose!
Furtando-se a você
Com ou sem você
Só tenho uma dose!
Inventei mudanças
É, sabedoria!
Guardei seu pudor
É o que eu lhe fiz
É, sabedoria!
Suas marcas banalizei
Impetuosa de relance!
Contém meus infernos
Está contido nos seus pertences
Impetuosa de relance!
Seu sorriso largo amarelou
Quanta injúria!
Gasto-guardado
São tantas estações
Quanta injúria!
É só um dia sem sol
Per-doa-me!
Por todos espelhos que quebrei
Por todos espelhos que repito
Per-doa-me!
É só um dia sem sol
Quanta injúria!
São tantas estações
Gasto-guardado
Quanta injúria!
Seu sorriso largo amarelou
Impetuosa de relance!
Está contido nos seus pertences
Contém meus infernos
Impetuosa de relance!
Suas marcas banalizei
É, sabedoria!
É o que eu lhe fiz
Guardei seu pudor
É, sabedoria!
Inventei mudanças
Só tenho uma dose!
Com ou sem você
Furtando-se a você
Só tenho uma dose!

Paranormais

Amor... é bonitinho
e o quero,
mas ele perdeu muito de si,
muito de mim...
O que vai render?
O amor não rende nada,
PORRA
O amor falta...
faz faltar,
faz faltar você em você mesmo.
Amor rende no pensamento
e falta na expressão....
O amor rende no pensamento
e faz falhar qualquer outro tipo!
Hoje você é minha inspiração.
Passe um pouco de inspiração pra cá, please!
Continua,
faz de mim vapor de emoções voláteis
que evaporam nas palavras desmedidas do seu coração...
Continua o quê?
A inspiração é sua!
Nossa, amor...não existe sem direção.
Ainda espero a sua,
continua...

quarta-feira, maio 14, 2008

Para onde fujo agora

Ponto de fuga
Perdi-me
Na euforia
Desantendi-me
Imediatamente sobre
Procurei teu limite a priori
Do porvir à curiosidade
Acabei pisando em ti
Por onde começo
Não tenho prévios passos
Apenas dois degraus singelos
Avante!
Avanço!
Sujeita a verdes
Ainda a amadurar
A única certeza
Perde-se na vertical
Sem horizonte esboçado
Findo
Por minha própria gravidade.

segunda-feira, maio 12, 2008

apurador de sonhos

Surdo meus passos
Com macias pisadas
No calor da brasa
Queimam
De frio
Enquanto todos adormecem
Sustento folhas
De samambaias choronas
Com o olhar
Que nem vento desfaz
Tento ser meu
Tato
Sabor
E cheiro
Mas tudo que ouço
Não cabe no meu campo visual.

Nó cego

Toco como lugar desconhecido
Bulino esse espaço indeciso
Conheço todas as tramas
Não vistas e não quistas
Provoco excitação
Sem feixe de lucidez
Não enxergo
Não sonho
Realizo-me de expressões
Reais e lisas
Bem como abro olhos
Sem foco
Sem espelho
Nu de expectativas
Cheios de pudor
De instinto semântico
Honro a projeção
Choro do inconsciente
Penduro-me a galhos sem atrito
E deslizando acordo.

quarta-feira, abril 30, 2008

Atira aos meus pés o Se de cada classe

Atira aos meus pés
Tapete vermelho
Onde solo e assolo
Solas de sapatos
sórdidos
Doida para pisar
Descalça
A solos rasos.

quarta-feira, abril 23, 2008

Viço

Salta por entre frestas
besta-fera
De silhueta felina
Vermelha entre brancas
Sem ponta, sem esquina
Flores sem espinhos
Murcho é seu brilho
Entre alfombra e linha
Grilhão no gatilho

Palavrão.

quarta-feira, abril 16, 2008

Pena de morte

Pendurada ficou a cabeça
Por meia dúzia de tristezas
Mais finas do que espessas
Enforcada à sutileza
Da lágrima seca

Meretriz íntima
Secciona pescoço da vítima
Em golpes masoquistas
De sexo sem conquista
Guilhotina!

Estrangula o que és forca
Da abstinência consentida
Em corte limitado à rapidez
De um estupro sem malícia.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Renascença

Out 24 2007, 2h56

Inocência abraçara a consciência como se fosse concreta, deu-lhe nome, deu-lhe o que comer, e ainda a esperava crescer. Conciência creceu, mas não para o alto e avante como era de se esperar, cresceu para os lados como bolo em fôrma redonda, tranbordando suas excedências para todos os lados, sujando o forno todo e ainda deixando o cheiro intragável de matéria queimada.Inocência mudou-se pro passado. Agora chamava-se Sofia, colocava menos fermento no bolo, e a Dona Consciência nunca foi tão abstrata. Não mais sofria.

Let's go, baby!

Out 9 2007, 7h40

Vinho de quinta no copo da cerveja falida, meio comprimido esmigalhando em farinhas de experimentos indecisos, pensamentos explodidos em cabeça oca de transmissão e meia dúzia de borboletas estáticas soltas da visão.Nada disso simboliza nada, nada do que se diria é o que se diz; Na verdade sim. Apenas uma procrastinação.

Piscina Verde

Set 28 2007, 3h54

Decantado em objeto translúcido, circundado o líquido em tronco de cone de cabeça para baixo, dizia-se sim, dizia-se não, em círculos preenchidos de preto e raios diversos.Verde pútrido! Desejo estúpido! Na fome, na sede, suco de abacaxi com hortelã, ótimo, uma cachacinha mineira... Verdade não se diga, laranja com berinjela sem açúcar(acabooouuu!) e com adoçante, não é pra qualquer um completar com cachaça. Piscina verde no meu copo, sopa de ervilha.Mergulho e me orgulho e me faço afogar.

sábado, janeiro 26, 2008

mil-folhas de uma história.

Entre mil coisas nunca terminadas
mil-folho cola seca
em piso frio
nas listras que ainda não fiz
nas pedrinhas que ainda não colei
Nas feições do palhaço
do palhaço que não conheço
Na cama por arrumar
na disciplina acadêmica
estilete corta pulsos
em mil folhas de uma história.

domingo, janeiro 20, 2008

dia de faxina

um cheiro de incenso
para um antivírus
de computador

quarta-feira, janeiro 16, 2008

CSS.

dia
cansei desse
dormir
até o próximo
todo meu carinho
não mais meu
até
tempestade
e iceberg
tenho tudo
agora
seco

muito.

é como se estivesse, não
estou
e muito

muito chateada
com minha
frustração
chateada
com
minha
frustração
minha
frustração
minha(e só minha)
frustração
minha (e sozinha)
frustração

frus-tra-ção

ainda não choveu

Vem varrendo a tempestade
Copas de árvores
Folhas próprias valsam
A ventos desorientados

No cume do maciço
Espessa a nuvem gris
Sucumbem as brancas puras
No pálido triste de matiz

Jovens brotos relutam
Lutam por seu luto
Por secas e velhas
Apodrecidas em pêndulos

Antes do primeiro raio!

Antes do segundo raio...

O bolo celeste mistura-se
Em vapores labirínticos
Ingredientes vulgarizam-se
No início do infinito

Azul e amarelo
É quase reflexo das que valsam
O nublado avermelhado
Está prestes a confeitar.

sábado, janeiro 05, 2008

Preto.

Eu disse:
Preto!
Preto!
Preto!
Ele não conseguiu não olhar...
Desenvelopou sua cabeça
E me olhou como se eu usasse
nomes santos em vão.
Encaracolou-se e voltou a dormir.

Procurando Esperanças no Jardim

Contarei meus segredos
A cada anseio da tua loucura
Pois a minha ainda busca pelos teus
A ser re-velada.
A faísca da minha tristeza
"Curta-circuita"
Na fadiga do meu choro.
Evapora à frieza
Da minha luta sem plural
Em espinhos de ciclos de jogos de azar.
Estanca e espanta
A máscara estampada
De sorrisos do meu ego.
Minha flor brota
No delírio próprio semeado
Num solo adubado
Pelos restos dos outros.
Do resto de todos.