segunda-feira, novembro 16, 2009

Arco de Íris

Imagina se chuva tivesse cor
Sabor de fruta
Cheiro de flor
Imagina se a poça tivesse lar
Em vez de adotada
Fosse qualquer lugar
Imagina se relâmpagos fossem de artifício
Um fogo feito no Ano Novo
E trovões como balanço de sinos

Corrente da tristeza

Quando a chuva vem
Barranco parece rio
Vai levando tudo embora
Enquanto a gente tenta
Cavando buraco
Que não se aguenta
Com as mãos no barro
A gente perde tudo
Coração fica apertado
Ao pensar no futuro

segunda-feira, novembro 09, 2009

Jejuno

Engoli a inveja que você me doeu
Embebida em soluços de fúria
Violentei o estômago do peito
A decompor meu sorriso ao meio

Num amarelo podre entre dentes
Falsifiquei um desprezo eloquente
Entrementes cravando minhas mordidas
Como a que ele me deu enquanto distraída

Pois é, fui mordida
Abocanhada
Dilacerada
Ferida

Com um chá de reflexão acabei com a indigestão.

terça-feira, novembro 03, 2009

anteposto figurado

Gosto de ser a insônia de altas horas da madrugada
Gosto de ser a fera das noites enluaradas
Assombração das suas noites em claro
Mios de gatos perdidos pelos telhados
Gosto de te cortar na brisa fina
Ser o vulto nas sombras
E a sombra da neblina
Gosto de ventar suas folhas
Inventar fomes e secar pimenteiras
Gosto de te puxar pelas madeixas
Gosto de velar seu sono
Interromper seus sonhos
Com seu pé esquerdo a cair da cama
É meu nome que chama
Gosto de queimar sua voz
Gosto de tombar nós e nós.