quarta-feira, abril 29, 2009

presa d'águia

E vem a brisa acordar-me pelo pé descoberto
Por esse inverno que transpiro você
Transbordante no meu precipício de pensamento
Que deságua em cachoeira pela qual o sentido se esvai
Do princípio que me cobre o véu da noite
Que acoberta dor enquanto deito
Absorta como o próprio céu estrelado
No deleite da flor a desabrochar na pele
Arrepiada de sussurros ao frio dos seus lábios
Que tocam minha solidão sortuda
Viúva de gratidão enquanto o sonho derrama
Em sua canção sofrida no sopro do aconchego
Que conforto minhas dívidas acomodadas em seus braços
Que não me cabem por julgamento
Feito juramento em abraços de promessa armada de orações transitivas
Sem intenções em mim
Diretas como próteses erguidas às mãos que te santificam
Sem extensões a mim
Esticam-se como esmola escolada com o afago
Digno do quem você enterrou
Porquanto sua aurora ainda está porvir
E germinar na sua garganta não será pecado meu
Mesmo assim meu peito clareia das trevas com um raio
Arrancado do sol do seu sorriso num ensejo seu
Interdependente da necessidade do meu
Enquanto rarefaço dias nublados a estreitos momentos
Em giros de rotação pregada à Terra
Corando ao seu redor e queimando por dentro
Pelas mesmas mãos frias que estendidas a te esperar
Anseiam para que o tempo não se transforme
Gota a gota no desespero espalmado
Sempre gelado de qualquer tormenta
Vai que me esqueço de que sei nadar
E me afogo por não ser a costela que te falta
Ouso a sentir a falha no que cometo
Ser mais uma presa dos seus desejos.

segunda-feira, abril 13, 2009

Este é o poema que eu fiz pra você

E se for invisível
Uma pedra antes do embora
De uma conclusão precipitada
Beirando o precipício
Num princípio de loucura
De palavras que valem
Tão mais que uma imagem
Que sem poder viram
O querer tardio do
Luar aquele que testemunha
As histórias que você
Anda contando que
Estão fora das cartas
De romance
E do tarô do vidente que
Perdurou pelo amor
Como uma centelha
Do telhado que de vidro
Era e se quebrou
E se trocou por esse
Encaixe cheio de detalhes
Imensos em contrastes
Equilibrados diante do rastro
De rosas aceitas
De rosas desfeitas
Que não me permito hoje
Pois as forjei ontem
Conforme esse trem apitava
Enquanto não levava mais ninguém
Senão a liberdade que agora vai
E a saudade que de repente vem
A outrem sem maiores poréns.