quarta-feira, dezembro 09, 2009

Cegueira

Ninguém disse o que seria do futuro,
Agora presente nas loucuras de outro jeito,
Direito do sujeito dele, do meu nosso.
Tem dança de sorrisos e rosto colado,
Nos olhos fechados em beijos sem compromisso,
Selado por surpresas de esperanças já abandonadas
Que deslumbra todo o pesar,
Escrito e perdido nas linhas da mão.
Como era, se foi, e como é, está sendo
O indo do haver que irá fora de cartas e predições.
O brilho está no olhar de cada estrela
Que cintila cada destino a que caminhamos
De mãos dadas, entrelaçadas pelo que a paixão cativou,
No passado presente em dúvida e do futuro que já o sou.
Até que uma estrela morra, não percamos nossa direção.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Ventilador de andorinhas pro calor do verão

Ventilação pra cá
Ventila ação pra lá
Vento no lar
Ventilador de ar
Ventila dor pro mar
Vento só da andorinha faz voar

‘Mas vale um pássaro na mão do que dois voando’
Mas ‘uma andorinha não faz verão’

terça-feira, dezembro 01, 2009

O grito da cigarra

Verão o canto dessa cigarra
Entoado à seiva dos dias quentes
Fora da terra onde plantei minha árvore
Assistirão à ópera da gente
Nos timbres marcados no caule
Farão de larvas borboletas

Olho de Vidro

Esse vidro está querendo se quebrar
Se esgueirando pela beira
Ansiando por seu fado
Pintado pelo espatifar
Por seu precipício calado
No princípio de que nada há de durar

Diamante é refutação do tempo
Não conhece a gravidade
Que incide sobre os desatentos
A todo tempo derrubando seus quilates

Qualquer carbono se arruína ao palpite
E na dúvida do seu destino,
Qual som morderá o silêncio de possibilidades?
O do vidro a se quebrar?
O do vidro a nos cortar?
Ou o do vidro em outro lugar?