sábado, janeiro 23, 2010

Natureza Urbanizada

A gente cava mais fundo
E perde as garras dos dedos
Por medo do fim do túnel
Ficamos pelo meio

Sem luz não se vê aonde
Só se pode colocar o pé no freio
Afinal, o quê podemos atropelar dessa vez
Se somos nós que estamos no meio?

Não podemos nos atravessar
A rua é por demais estreita
Sem freios podemos nos esbarrar
E se houver tempestades, até escorregar

Fiquemos do outro lado da calçada
Opostos a que nos passa
Partidos ao meio
Até que se possa atravessar

Somos moucos pelo barulho dos outros
Não ouvimos avisos, não vemos perigos
Fingimos abrigo à beira do abismo
Que nos grita frouxo “venha me atravessar de novo”

Quem tira o pé do freio corre riscos
De se partir ao meio
No meio dessa rua que atravessa o peito
E deixa os riscos das garras dos dedos.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

o criador

O homem cria a dor
Do homem criador
Do Criador do homem

Cria a dor do homem criador
Por sua fé no Criador
Pois não queria a dor de seu Criador

O homem criador do Criador
Cria dor a outros homem
Com a fé que é só do Criador

O Criador não cria a dor dos homens
Nem do homem criador do Criador
Então cria sua dor o homem criador

Cria a dor como sua criatura
Tão divina quanto seu Criador
Criador é o homem quando é um criador

O homem criativo é uma criação malcriada
Criado criador que cria sua própria dor
Criança que cria dor e culpa o Criador