Ele passa horas refletindo
Aventurando-se a lembrar do passado,
Buscando padecer pelo presente
Não se repetir como uma rotina.
Esquece-se!
Só resta o gosto amargo de notar.
Permanece num branco arrastado,
Tentando colorir em manchas.
E o tempo passando...
Uma ocasião vem e escapa
Antes de ser registrada,
Só lhe resta o gracejo de uma fotografia
Do que não existe mais.
Daquela vida, outra se deu início.
E só teve a recordação de uma gestação
Em que ele mesmo se abortou.
Enlouquecido disputa sua atenção
Entre o sim e o não,
E se pondera a crer
Naquela percepção de que nada está no lugar de antes
E por isso parece ser impossível repetir a direção
Da resposta que anseia,
Ou apenas fica dando voltas e mais voltas
Em seu raciocínio para dizer-se
Intenso sabedor de si
Porém, não sabe onde finda,
Até imagina
E está alucinado para apaziguar seus ânimos
Da sua tortura observada numa lógica
Que ninguém entende,
Porque não deseja
Ou não sabe expor.
Uma toalha verde nunca lhe foi tão bela
A ponto de o fazer lacrimejar,
Mas dessa vez suficiente
Tão perfeita quanto tudo ao seu redor.
A beleza não está na aparência,
Está na linguagem de todos os seus sentidos.
Imagina como é crível
Tamanha grandiosidade,
E acredita isso sim ser Deus.
O seu Deus se maravilha com ínfimas coisas
E se emociona até em ver a sola de um tênis virado
Para cima no meio do quarto,
E sorri,
E chora,
Escreve e lê,
E entende o que está sendo feito
Sorri pra si mesmo,
Mais uma vez.
É amor.
sábado, agosto 30, 2008
sábado, agosto 16, 2008
De lua diurna
À primeira vista
Não, das duas
Não, das suas
Rimas leoninas
Filhas duma
PLUMA
Numa
Anfetamina
Brindam
Garras felinas
Em carne crua
Minha sina.
Não, das duas
Não, das suas
Rimas leoninas
Filhas duma
PLUMA
Numa
Anfetamina
Brindam
Garras felinas
Em carne crua
Minha sina.
quinta-feira, agosto 14, 2008
Para amar eu
Quando
Ouvirdes a trova nas cantigas de outrora
E olhardes o afresco oco de retratos de reis postos
Sentirdes o primaveril perfume a irromper auroras
Sede vós a conjugar-me imperativo de demasiados subjuntivos
Sê tu para amar eu.
Ouvirdes a trova nas cantigas de outrora
E olhardes o afresco oco de retratos de reis postos
Sentirdes o primaveril perfume a irromper auroras
Sede vós a conjugar-me imperativo de demasiados subjuntivos
Sê tu para amar eu.
quarta-feira, agosto 06, 2008
Hífen
Entre sem bater
Pela mesma porta
Por onde o outro se porta
E ele não se importa
Pela mesma porta que se entreabre
E não deixa que nada sobre.
Na mesma do sujeito
Que se perde de sua vaidade
Ao ser visto sem se ver,
Vitimando a protelada intimidade.
Nela, por que muito se adentra
E o pouco do pouco se esvai,
Que guarda estimados arcanos
E somente de seus agrados.
Dentro se comprime ao absurdo
Da surdez daquele engano
De quantas colheres em uma apenas
A adoçar sem amargar o melado.
O análogo confina o livre-arbítrio
Do mesmo anônimo que a porta tranca
Da incerteza de suas interjeições
Das quais sílabas se separam.
Pela mesma porta
Por onde o outro se porta
E ele não se importa
Pela mesma porta que se entreabre
E não deixa que nada sobre.
Na mesma do sujeito
Que se perde de sua vaidade
Ao ser visto sem se ver,
Vitimando a protelada intimidade.
Nela, por que muito se adentra
E o pouco do pouco se esvai,
Que guarda estimados arcanos
E somente de seus agrados.
Dentro se comprime ao absurdo
Da surdez daquele engano
De quantas colheres em uma apenas
A adoçar sem amargar o melado.
O análogo confina o livre-arbítrio
Do mesmo anônimo que a porta tranca
Da incerteza de suas interjeições
Das quais sílabas se separam.
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